quinta-feira, 12 de julho de 2018

Privilégios nossos de cada dia


Ser mulher e baladeira e bebedeira, é saber que idas ao banheiro envolve mais do que o drama de fazer xixi se pendurando e com risco de não ter papel para se secar. Bem, considerando que você é mulher baladeira bebedeira, você volta com algumas amizades sinceras e para sempre e que duram eternos minutos naquele espaço confinado.
Eu mesma já tive amizades sinceras e para sempre e que duram aqueles eternos minutos no referido espaço confinado. Vááárias mesmo! Lógico que não podemos contar com minha memória para relatar os casos com alegria. Mas tive. E celebro isso.
Bem, tanta introdução para falar que hoje, fiz um amigo. Sim, no gênero masculino, de acordo com a norma culta da língua. Porque, como ele mesmo disse, é gay.
Só para retorna um pouquinho... Aquele frio de julho, que a cada passo dado, uma vontade de fazer xixi... chegando na central, últimos horários de trem e eu: putz, xixi ou trem logo... Japeri para sair em dois minutos e eu, perdi o cartão na minha bolsa. Recado de Deus me enviando para o banheiro. Tudo beeeem que eu tinha acabado de fazer xixi duas vezes, mas tá frio, deixem meu metabolismo!
Enfim, foi a hora do banheiro e, no caminho, conheci aquele ser fantástico. A ética pede que mudemos o nome mas João é lindo demais para alterar. E falo de João. Que disse que ia me esperar sair mas, mesmo indo duas vezes para garantir, eu sai antes dele. E esperei.
Havia muita doçura em João.
Sabe, eu sou ogra e odeio pessoas. Mas, na verdade, amo elas sim. Rs
Voltando a João, ele quis ir comigo lá no vagão lá da frente.
Contou que suas amigas não o acompanharam hoje porque decidiram tomar banho após o trabalho e ele queria ir logo pra casa e, de trem, para dormir.
Eita, João! Vai dormir!
“Não, pode conversar! Tadinha, você é quietinha né?”
Ele falou do trabalho dele e logo pensei em uma conhecida minha que está buscando. Trocamos nossos números, porque ele disse que poderia me ajudar / ajudar a conhecida, já que eu era de confiança :)
Anotei meu número para ele. Ele me deu um toque: salvei o número dele, depois de ensina-lo que pode gravar no zap com o fone de ouvido conectado no celular sem problemas.
Sou burro né? – ele dizia várias vezes, com aquela doçura que já falei lá antes.
Lógico que não! Você não sabia e agora sabe! Pronto! E logo aplicou os conhecimentos.
Mas bem, salvei meu número e fiz questão de mostra-lo coo salvei meu nome: Rita Trem.
“Rita Trem, hein! Não esquece!”
E papo vai e papo vem, ele comentou que não sabia ler.
Eis que tudo que ele falava depois dali, não ouvia mais. Ele não falou preu sentir pena não. Pelo contrário “ninguém me enrola não, menina!”. Fiquei pensando que mostrava meu nome no celular e não adiantaria afinal.
“Fala para sua conhecida não me enviar mensagem escrita não que não leio! Áudio!”. O mesmo que ele aprendeu que poderia usar com o fone.
E conversamos um pouco mais, entre vendedores, kitkats e pele pele pele... dois reais... e uma moça sentou entre a gente. Antes de encerrar o papo, porém, ele me ofereceu mais pele e agradeci, brincando que estava de dieta.
“você está com corpo ótimo!
“você é linda”, disse a moça que sentou entre nós.
E quando ele falou das panelas baratas do anúncio no trem: “são lindas, baratas e valem a pena. Estão vendendo naquela loja... sabe... esqueci o nome.... tem lá onde moro...”
A moça: “casa e vídeo! Olha, tá escrito ali!”.
Tá escrito ali...
O assunto acabou. Ele terminou a pele dele e decidiu cantar com seu fone de ouvido. A moça ficou no seu luxo, escrevendo suas anotações. E eu, segui olhando aquela paisagem pela janela, que aquela hora, já nem é paisagem mais.
Cheguei na minha estação e me vim pro meu aconchego.
Escrever. Dele. Por ele. Porque sim.
E amanhã lhe mandarei um áudio! E, como uma pessoa de respeito que ele é, vai me mandar uns hinos. :)

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